Empreendedores - Resenha crítica - Eduardo Glitz
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Empreendedores - resenha crítica

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Startups & Empreendedorismo

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-452-0331-5

Editora: Gente

Resenha crítica

Reconstruindo o mindset

Nossos autores buscaram no célebre Vale do Silício a maior parte de suas inspirações e perspectivas. Com efeito, o maior polo de inovação e tecnologia do mundo é capaz de, segundo eles, “virar do avesso” todas as nossas crenças.

Em um espaço de cerca de 30 km reúnem-se as mais valiosas empresas do globo, as melhores mentes, um grupo de inovadores que ditam novos padrões e conceitos de comportamento.

Trata-se, enfim, de um ecossistema capaz de transformar o modo como se fazem negócios e se pensa as ações empreendedoras. A tecnologia está no centro de tudo isso, circundada pela informalidade nos processos.

As rápidas tomadas de decisões, com estruturas enxutas e ágeis o suficiente para acompanhar as mudanças e superar quaisquer concorrentes. Uma frase bastante famosa no Vale afirma: “Mova-se rapidamente. Caso você não esteja quebrando coisas, então, não está se movimentando como deveria”.

E o Vale do Silício vem, definitivamente, quebrando coisas. Considere, por exemplo, as indústrias fotográficas, automobilísticas e fonográficas, as mídias, os bancos etc. Todos tiveram que abandonar os velhos manuais e encontrar novas formas de conquistar consumidores cada vez mais conectados, informados e exigentes.

Isso significa, em nosso contexto, que veremos cada vez mais outsiders definindo os novos padrões. Os negócios tradicionais não continuarão sendo ameaçados por seus concorrentes já conhecidos.

Seu maior problema será, portanto, identificar de onde virão os “tiros”. Eles poderão vir de uma startup composta por 4 engenheiros do Vale, de cooperativas tecnológicas de Israel ou de um empreendedor que atua sozinho, mediante um co-working da China.

Seja como for, sempre existirá alguém à espreita de uma lacuna de mercado, visando preenchê-la com soluções mais baratas, mais rápidas e bem mais simples.

Há, no Vale do Silício, uma expressão bastante famosa, convertida em sigla, que todos os empreendedores deveriam imprimir, escrever, colar no espelho de seus banheiros ou deixar como tela de fundo de seus notebooks, a fim de se lembrar dela diariamente.

Ruptura, cultura e propósito

Essa expressão é o “Fear of Missing Out” (cujo acrônimo é FoMO, isto é, o medo de perder algo importante, em tradução livre). Isso tem muito valor. O FoMO pode nos guiar, lembrando-nos de que o constante aprendizado e a atualização tecnológica são as portas de entrada para o salão dos negócios mais inovadores.

Para os autores, os empreendedores têm que se sentir desconfortáveis, a partir da impressão de estarem sempre um passo atrás – somente assim conseguirá aguçar os próprios sentidos para captar o máximo possível do que acontece em seu segmento de atuação.

Essa iniciativa é válida, tanto para quem está no início da carreira ou já atua profissionalmente há muitos anos. Empreendedores e empresas que são muito acomodadas, excessivamente conservadoras ou arrogantes aprenderam do pior modo possível o que a Nova Economia (ou Economia Digital) é capaz de produzir ou reconstruir.

As soluções tecnológicas, como todos sabemos, permitem a redução de custos, o enxugamento de estruturas, o corte de intermediários e a transformação de empresas complexas e organizações dinâmicas, sem processos burocráticos e estanques.

A consequência é a ruptura de padrões e modelos estabelecidos, provocando impactos irreversíveis na forma como se pensa e se faz negócios.

Aprender a destravar armadilhas em sua jornada empreendedora é algo que, devido à sua importância, não pode ser negligenciado. Sobretudo, se você deseja configurar um método de gestão que seja ágil o suficiente para acompanhar os desdobramentos da Nova Economia.

Como destravar armadilhas

Agora que chegamos à metade da leitura, convém redobrar a sua atenção, a fim de apreender alguns elementos mais práticos que lhe ajudarão a se posicionar diante das mudanças inerentes aos negócios atuais.

Os autores sugerem uma “engenharia reversa”, sustentando que a desconstrução dos sistemas antigos deve ser o seu ponto de partida. Assim, fica mais fácil detectar e identificar os bloqueios que limitam a capacidade transformadora da sua empresa.

Uma vez que há, no mercado atual, uma série de modelos gerenciais saturados de travas, listamos, a seguir, algumas das principais:

Falta de “propósito”

Buscar o propósito significa entender os motivos pelos quais a sua empresa existe. Tal é, com efeito, a bússola das organizações inovadoras. Sem ela, fica mais difícil apontar os rumos certos de uma organização.

Por exemplo, no mercado financeiro, o sonho da maioria das pessoas está no período sabático que elas tirarão quando se retirarem da empresa. Logo, esse propósito não se encontra dentro da jornada, mas depois dela – o que, em muitas ocasiões, pode representar grandes problemas.

Ausência de visão compartilhada e de transparência

Quando inexiste visão compartilhada e transparência, as equipes se tornam totalmente desalinhadas. Os colaboradores se movem sem clareza dos reais objetivos traçados pela empresa.

A falta de alinhamento de interesses, impede que se estabeleça o foco necessário para edificar quaisquer projetos desenhados pela organização. É como um time de futebol no qual o técnico não aborda os objetivos, não compartilha as estratégias e o posicionamento de cada um dos jogadores, não informa o placar e o tempo durante as partidas.

E o pior de tudo é que, por mais incrível que possa parecer, há muitas empresas sendo geridas assim.

Ambientes sem cooperação

Os funcionários, quando estão preocupados em se defender, tendem a concentrar suas energias no “jogo corporativo”, reforçando comportamentos conservadores e individualistas.

Afinal, a ausência de uma verdadeira cumplicidade nos ambientes de trabalho acaba por limitar a coragem de correr riscos. Desse modo, todos evitam se expor, receando se tornar um alvo dos demais.

A insatisfação profissional é outra consequência da falta de cooperação. Nesse cenário, os colaboradores não conseguem colocar em prática suas verdadeiras habilidades, ficando presos a tarefas de pouca importância ou burocráticas que tomam a maior parte de seu tempo.

Excesso de controles, processos e hierarquias

Essa situação gera premiações assimétricas e pouca aceitação do grupo, prejudicando gravemente a inovação. Se o começo de tudo deve ser encontrado no propósito, como afirmam os autores, alinhar interesses e assegurar a transparência devem ser os próximos passos para que toda a engrenagem da empresa funcione.

Se a transparência não passar de um discurso vazio, você não conseguirá formar uma equipe, mas um mero conjunto de trabalhadores medianos e autômatos – aqueles que apenas batem o ponto, operam mecanicamente e vão embora. Nos dias seguintes, retomam-se os ciclos de mediocridade.

Isso não quer dizer que os próprios colaboradores sejam medíocres. Pelo contrário: é o ambiente que pode deixá-los sem perspectivas e propósitos, atuando somente pela estabilidade e a garantia de receber um salário no fim do mês.

A Nova Economia nos impele a explorar mercados que extrapolam aqueles com os quais estamos acostumados a lidar. É imprescindível testar e aplicar as suas hipóteses.

Revendo as fronteiras entre mercados

As fronteiras entre a economia real e o mercado digital não são limites, mas oportunidades de trilhar novos caminhos. Isso requer sair dos mapas já explorados para encontrar possibilidades que, por mais aparentemente diversas do seu core business, podem gerar novos e interessantes pontos de convergência.

Tudo o que os autores apresentam sobre visão de negócios é absolutamente fundamental para prosperar nestes novos tempos. Para que tudo dê certo, o seu papel, como líder empresarial, é o de criar as condições necessárias para que as pessoas ao seu redor também se engajem no crescimento dos projetos e na realização das inovações que o seu negócio precisa.

O principal, reiteram os autores, é alinhamento de interesses e clareza. A partir disso, você entenderá que os cenários dados não são permanentes, mas diferentes estágios que podem ser cada vez melhores.

Portanto, não tenha receio de iniciar, ficando preso ao que já foi criado. O melhor a fazer é abraçar as mudanças, pois elas são inevitáveis. A sua parte é somente decidir:  você esperará ser engolido pelas mudanças ou estará na vanguarda dessas transformações?

Notas finais

Para finalizar, vale a pena ressaltar o que há de mais valioso nas mensagens de nossos autores: a generosidade e o anseio de deixar um legado. No fundo, é a generosidade que nos possibilita compreender que todos os times são mais fortes quando estão realmente reunidos.

E a generosidade importa tanto, justamente porque viabiliza uma visão compartilhada que, por sua vez, é a criadora de relacionamentos baseados na confiança e na transparência.

Mais do que estar atento às novidades tecnológicas e às metodologias inovadoras, é indispensável ter em mente que a jornada que você trilha como pessoa e empreendedor se fundamenta em construir uma história que tanto faça sentido para os seus sonhos individuais quanto para o impacto que você deseja gerar no mundo.

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